Publicado originalmente em 14 de março de 2016.
Na segunda de seis postagens, Sue Branford fala de uma área onde a criação de uma unidade de conservação ambiental coloca comunidades tradicionais sob o risco de perder o território onde vivem há gerações.
Em janeiro 2016, a jornalista britânica Sue Branford viajou ao Brasil pela Mongabay e pelo Latin America Bureau – LAB, para uma sequência de reportagens sobre a vida das comunidades ribeirinhas na Terra do Meio, no Pará, uma das áreas mais remotas da Amazônia. Depois de passar por Altamira, ela subiu o rio Iriri até a Estação Ecológica da Terra do Meio, onde vivem comunidades tradicionais ribeirinhas.
(A matéria original, em inglês, pode ser lida aqui: http://news.mongabay.com/2016/03/report-from-the-amazon-newly-created-conservation-unit-could-push-long-time-residents-from-their-lands)
- A Estação Ecológica (Esec) da Terra do Meio, criada em 2005, cobre uma área de quase 3,4 milhões de hectares, entre os rios Xingu e Iriri, na bacia do Amazonas, e foi criada para combater a grilagem de terras e a violência, mas a iniciativa de preservação, por outro lado, ameaçou os meios de subsistência e o próprio direito de ocupação de famílias que lá vivem há gerações.
- A procuradora do Ministério Público Federal em Altamira, Thaís Santi, está trabalhando para proteger o direito de permanecer na terra desse pequeno grupo de beiradeiros. Ela demandou, de uma equipe de pesquisadores, que averiguassem se as atividades econômicas de pequena escala dessas famílias estão impactando negativamente o ecossistema ou se, como alguns cientistas defendem, a floresta, ao contrário de algo intocado, seria fruto da interação com os povos da floresta e, portanto, um ambiente socialmente construído.
- Se o dano causado por essas 15 famílias for insignificante, a procuradora pretende demandar, da Justiça Federal, que seja permitido que elas fiquem. Uma decisão favorável poderia repercutir em toda a Amazônia e, mesmo, em todo o país. Significaria questionar legalmente, em defesa dos direitos de povos e comunidades tradicionais, a proibição de que ocupem unidades de conservação de proteção integral, reconhecendo o valor da ocupação humana de baixo impacto.